Máquina Enigma - usada para criptografar e descriptografar mensagens secretas em conflitos durante o século XX na Europa. |
Alguns
gostam da ideia de que se não fosse algumas guerras nossa tecnologia
não teria tido avanços. Eu não gosto dessa ideia: Penso que ela é
moralmente condenável e parcialmente equivocada historicamente. Digo
parcialmente porque pode ser o caso de que algumas tecnologias tiverem
impulso em razão de guerras. A despeito disso, uma postura é entender
que esses eventos aconteceram, outra é aceitá-los
como corretos. É mais ou menos aquilo o que em filosofia moral
identifica-se com ética normativa (como as coisas deveriam ser) e ética
descritiva (como as coisas são).
Um dos exemplos mais emblemáticos diz respeito a descoberta de que a radiação micro-ondas poderia aquecer alimentos. Em meados dos anos 40, enquanto trabalhava com desenvolvimento de magnétrons para aperfeiçoar radares para uma empresa militar, Percy Spencer acidentalmente teria derretido uma barra de doce deixada ao lado dos equipamentos. Três anos mais tarde, fornos de micro-ondas já estavam comercialmente disponibilizados nos Estados Unidos.
Acontece que o uso da faixa do micro-ondas não foi a novidade, mas sim manipular essa região do espectro como uso caseiro. Apenas para efeito comparativo, recordemos que o estudo da radiação eletromagnética já vinha sido desenvolvido há mais de séculos. Basta tomar como exemplo a descoberta dos raios-X, que ocorreu sobretudo devido ao trabalho do alemão Wilhelm Röntgen no século XIX, ou, ainda, o estudo da decomposição da luz branca realizada por Newton no século XVII.
O que parece estar em causa aqui é: a existência de conflitos bélicos não são necessários para que a tecnologia tenha avanço. No máximo são condições facilitadoras que, uma vez ausente, não é difícil duvidar da tese que todos os avanços da modernidade pode surgir sem derramamento de sangue. Aliás, não raro algumas tecnologias descobertas ou invenções da ciência aconteceram de maneira independente -- vide as descobertas das linhas escuras de absorção no espectro solar, primeiramente reconhecido por William Wollaston e anos mais tarde redescoberto por Joseph von Fraunhofer, ou as evidências empíricas que originariam a teoria da evolução, por Charles Darwin e Alfred Wallace. O que aprendemos disso: Mais cedo ou mais tarde, a tecnologia de aplicação caseira para aquecer alimentos surgiria.
Há alguma alternativa que respeite a tese moral (normativa) que condena conflitos bélicos? A resposta é sim. Recordo uma. O conselho do filósofo e humanista Bertrand Russell: uma instituição política moralmente saudável seria capaz de enfraquecer a violência e dominação se aumentasse as oportunidades para impulsos criativos ao passo que dificultasse os instintos possessivos. Naturalmente, isso abre espaço para a discussão do que consiste a natureza desses dois impulsos -- mas de forma alguma enfraquece o iluminador conselho, e nos lembra, também, o aviso do Asimov: "A violência é o último refúgio dos incompetentes".
Um dos exemplos mais emblemáticos diz respeito a descoberta de que a radiação micro-ondas poderia aquecer alimentos. Em meados dos anos 40, enquanto trabalhava com desenvolvimento de magnétrons para aperfeiçoar radares para uma empresa militar, Percy Spencer acidentalmente teria derretido uma barra de doce deixada ao lado dos equipamentos. Três anos mais tarde, fornos de micro-ondas já estavam comercialmente disponibilizados nos Estados Unidos.
Acontece que o uso da faixa do micro-ondas não foi a novidade, mas sim manipular essa região do espectro como uso caseiro. Apenas para efeito comparativo, recordemos que o estudo da radiação eletromagnética já vinha sido desenvolvido há mais de séculos. Basta tomar como exemplo a descoberta dos raios-X, que ocorreu sobretudo devido ao trabalho do alemão Wilhelm Röntgen no século XIX, ou, ainda, o estudo da decomposição da luz branca realizada por Newton no século XVII.
O que parece estar em causa aqui é: a existência de conflitos bélicos não são necessários para que a tecnologia tenha avanço. No máximo são condições facilitadoras que, uma vez ausente, não é difícil duvidar da tese que todos os avanços da modernidade pode surgir sem derramamento de sangue. Aliás, não raro algumas tecnologias descobertas ou invenções da ciência aconteceram de maneira independente -- vide as descobertas das linhas escuras de absorção no espectro solar, primeiramente reconhecido por William Wollaston e anos mais tarde redescoberto por Joseph von Fraunhofer, ou as evidências empíricas que originariam a teoria da evolução, por Charles Darwin e Alfred Wallace. O que aprendemos disso: Mais cedo ou mais tarde, a tecnologia de aplicação caseira para aquecer alimentos surgiria.
Há alguma alternativa que respeite a tese moral (normativa) que condena conflitos bélicos? A resposta é sim. Recordo uma. O conselho do filósofo e humanista Bertrand Russell: uma instituição política moralmente saudável seria capaz de enfraquecer a violência e dominação se aumentasse as oportunidades para impulsos criativos ao passo que dificultasse os instintos possessivos. Naturalmente, isso abre espaço para a discussão do que consiste a natureza desses dois impulsos -- mas de forma alguma enfraquece o iluminador conselho, e nos lembra, também, o aviso do Asimov: "A violência é o último refúgio dos incompetentes".
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