Autoconhecimento e exercício (ou apreciação) de simbolismos são duas atividades que em maior ou menor grau parecem-me relevantes para qualquer indivíduo. Por isso (mas não apenas) que pessoas gostam de música, cinema, fotografia e literatura. Adiciono nessa pequena lista a astrologia. Quando entendida como uma prática (não aquela popular das páginas finais dos jornais, pois, nesse caso, é muito mais um consumo do que prática) pode servir muito adequadamente às duas atividades supracitadas. Quando eu digo que podem é apenas isso: algumas pessoas sentem-se confortáveis e genuinamente encontram prazer em exercer práticas que satisfazem vontades particulares. E se alguém objetar que isso não fornece nenhum apoio a cientificidade da astrologia eu concordarei. Entretanto não é isso que está sendo colocado em causa. Acontece, penso eu, que é possível defender algum valor intrínseco a astrologia, mesmo que ela careça de evidências empíricas. Do mesmo modo, por exemplo, literatura e cinema não compartilham características do que tipicamente entendemos como ciência, e não por isso são destituídas de valor. Assim, outro valor pode ser atribuído: a interação com pessoas - algo que envolve, inevitavelmente, conhecer novas e, nesse processo, potencialmente permitir a descobrir mais sobre o próprio praticante.
Pode ser o caso (e parece que é) que a astrologia falhe em demonstrar efeitos empíricos observáveis no mundo. Independente disso, nenhum dos três valores -- autoconhecimento, apreciação de simbolismo e interação social --, precisam, a priori, passar por rigorosos testes de confiabilidade empírica. Até porque alguns deles, como os dois últimos, talvez nem sejam adequados a submissão de padrões universais, uma vez que envolvem subjetividades (simbolismos) e preferências (interações). Também pode ser o caso que a astrologia falhe em ser um bom método/atividade no desenvolvimento desses três valores. Ainda assim, não devemos incorrer a duas práticas comuns de alguns (apressados) detratores convencionais: i) menosprezar intelectualmente os indivíduos praticantes e ii) desconsiderar que, em todo o caso, a astrologia pode ser uma mera diversão como um passatempo qualquer, até mesmo no caso no qual os três valores não sejam considerados como dignos de atribuição. Não vejo muito problema que o não praticante não reconheça ii) como merecedor de atenção, mas parece-me condenável quando i) é excessivamente praticado.
Pode ser o caso (e parece que é) que a astrologia falhe em demonstrar efeitos empíricos observáveis no mundo. Independente disso, nenhum dos três valores -- autoconhecimento, apreciação de simbolismo e interação social --, precisam, a priori, passar por rigorosos testes de confiabilidade empírica. Até porque alguns deles, como os dois últimos, talvez nem sejam adequados a submissão de padrões universais, uma vez que envolvem subjetividades (simbolismos) e preferências (interações). Também pode ser o caso que a astrologia falhe em ser um bom método/atividade no desenvolvimento desses três valores. Ainda assim, não devemos incorrer a duas práticas comuns de alguns (apressados) detratores convencionais: i) menosprezar intelectualmente os indivíduos praticantes e ii) desconsiderar que, em todo o caso, a astrologia pode ser uma mera diversão como um passatempo qualquer, até mesmo no caso no qual os três valores não sejam considerados como dignos de atribuição. Não vejo muito problema que o não praticante não reconheça ii) como merecedor de atenção, mas parece-me condenável quando i) é excessivamente praticado.
Oi, Cícero,
ResponderExcluirEssa tendencia "light" da astrologia é recente. Estás, por acaso propondo uma postura NOMA (a la S J Gould) para o "culto aos astros"?
Oi, Jorge.
ResponderExcluirFoi algo menos ousado. Eu diria que apenas um exercício de alteridade: identificar alguns valores, mesmo que eu não os aprecie na prática em questão.