Estados Unidos,
década de 70: Elvis Preslely, Led Zeppelin, recessão, caso Watergate,
lançamento de missões Apollo, envolvimento na guerra do Vietnã, guerra fria, e
filmes. Muitos filmes! Excelentes filmes!
Não é nenhum
exagero: basta visitar qualquer locadora que se preste ou um pequeno bar de
bairro que você poderá encontrar referências a filmes como "Taxi
Driver", "O poderoso chefão", "Sem Destino"
"Apocalypse Now" ou "Laranja mecânica".
Para um efeito
didático, e conveniente aos autores desse texto, demarcaremos esse período
começando com Stanley Kubrick e terminado com Ridley Scott. Em outras palavras, comecemos com "2001 - uma odisseia no espaço" (1968) e terminamos com
"Blade Runner" (1982). E essa escolha nem é tão arbitrária: parece
delimitar uma explosão de criatividade que já vinha nascendo no final da década
de 60, e continuou até o início da década de 80. Hollywood, nesse
intervalo, viveu um momento ímpar em sua história.
Clint Eastwood em "Dirty Harry" |
Não pretendemos
esgotar o assunto aqui. De qualquer forma, basta checar a recente lista feitapelos próprios hollywoodianos (chefes de estúdios e vencedores de Oscar) e somos
capazes de identificar que quase 20% da lista contém filmes da década de 70.
Embora a lista seja bem discutível (principalmente a ordem dos filmes),
dificilmente uma outra lista feita por qualquer outro cinéfilo deixaria de
incluir obras desse período.
Gene Hackman em "A conversação" |
Ao relembrarmos
os filmes, estaremos também recordando alguns nomes de atores e atrizes que tiveram sucesso de alto nível em suas carreiras: Burt Reynold ("Amargo pesadelo"), Clint Eastwood (que aliás foi uma das suas épocas mais
profícuas, tanto como cineasta como ator, em filmes do calibre "Dirty
Harry" e "O Último Golpe"), Robert
De Niro ("Taxi Driver", "O franco atirador",
"Touro Indomável", "Poderoso Chefão: Parte II",
"Caminhos perigosos"), Diane
Keaton ("Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", "Manhattan"),
Ellen Burstyn ("Alice não mora
mais aqui", "O Exorcista", "A Última Sessão de
Cinema"), Meryl Streep ("O
franco atirador", "Kramer vs. Kramer", "A escolha de
sofia"), Jéssica Lang
("Tootsie"), Al Pacino ("Serpico",
"Um dia de cão", "O poderoso chefão", "Parceiros da
Noite"), Jack Nicholson
("Sem Destino", "Chinatown", "Um estranho no
ninho", "O iluminado"), Dustin
Hoffman ("Sob o Domínio do Medo", "Tootsie",
"Kraver vs. Kramer", "Papillon"), Gene Hackman ("Operação França", "A
conversação"), Marlon Brando
("Poderosos chefão", "Apocalypse Now"), Robert Duvall ("M.A.S.H.",
"O poderoso chefão", "A conversação", "Rede de
intrigas", "Apocalyse Now", "THX 1138").
Robert De Niro em "O franco atirador" |
Sissy Spacek em "Carrie - a estranha" |
E ainda inúmeras
outras obras, como: "Rocky", "Nashville",
"Patton", "Eraserhead", "O enigma do outro
mundo", "Halloween", "Horror em Amityville", "Apertem
Os Cintos, O Piloto Sumiu", “O expresso da meia noite”, "Mad Max", "Star Trek", "Soylet Green", "O massacre da serra elétrica".
De modo geral,
os filmes dessa época brilhante parecem compartilhar alguns elementos em comum:
o pessimismo, o apelo a obras com caráter intelectual, o fim da inocência de
épocas anteriores e personagens com traços psicológicos marcantes. Tanta
urgência em fazer filmes tão bons não parece mais existir: o cinema americano
como daquela época parece anacrônico. Não é por acaso, portanto, que a lembrança
de bom cinema normalmente remete a algum filme dessa época. Dois fatos
evidenciam isso: as continuações e as refilmagens. Apenas como ilustração,
segue uma pequena lista de filmes que ganharam continuações: "Alien",
pelo menos as cinco continuações de "Guerra nas estrelas",
"Rocky", "Star Trek", "Operação França", "Tubarão", "Poderoso
chefão", "O exorcista, "Apertem os cintos, o piloto sumiu", "Mad Max", "O massacre da serra elétrica".
Mais ainda, vejamos os exemplos de refilmagens: "Carrie, a estranha"
(2013), Sob o domínio do medo (2011), "O enigma do outro mundo" (ou
"A coisa", 2011), "Halloween" (2007), "Horror em
Amityville" (2009), "Mad Max" (2015) e o "massacre da serra elétrica" (2003).
É um viés de
caráter psicológico que alguns espectadores têm em desmerecer filmes de décadas
passadas -- como se apenas o novo (a eventual refilmagem) fosse digno de valor.
Os filmes da década de 70 deixam claro o aviso convidativo de conhecer os
representantes dessa época. Transgressores, polêmicos, ou apenas entretenimento
de boa qualidade, os filmes desse período continuam vivos na memória. O
conselho do crítico Roger Ebert não poderia ser mais entusiástico: não existe
essa coisa de filme antigo, o que existe são filmes que você ainda não viu.
Autoria: Cesar Pinheiro e Cicero Escobar
Autoria: Cesar Pinheiro e Cicero Escobar