[Texto publicado no blog da Liga Humanista Secular do Brasil - Bule Voador]
Esse aumento pode ser devido, em
parte, à falta de evidências fortes que suportem os riscos que se suspeita serem causados pela Cannabis. De fato, de maneira similar ao fumo do
tabaco, embora a fumaça da marijuana contenha substâncias cancerígenas e
alcatrão, inexistem dados conclusivos que possam ligar a maconha a danos nos
pulmões. Um recente
estudo de longo prazo, que, aparentemente, parecia ligar conclusivamente o
uso crônico da maconha na adolescência com o baixo Q.I. de consumidores
neozelandenses, foi rapidamente contestado por uma contra-análise que
apontava razões de status socioeconômicos como um fator de confusão. De acordo com o levantamento do
Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o uso da Cannabis entre os adolescentes têm aumentado na proporção em que os
baixos riscos da marijuana têm sido percebidos; e os pesquisadores – e sem
dúvida os pais também -, estão ansiosos para que se chegue mais ao fundo a
questão.
Respire Fundo
Em 2012, um estudo realizado na
Universidade da California, San Franciso (UCSF) calculou que fumando apenas um
baseado a cada dia por 20 anos a maconha pode ser benigna, embora a maioria dos
participantes fumasse dois ou três e baseados por mês. O epidemiologista Mark
Pletcher, quem liderou o estudo, alegou: “Eu fiquei surpreso que não vimos
efeitos (do uso da maconha)”.
Uma avaliação de vários
estudos epidemiológicos aponta para um tamanho de amostra pequeno e estudos
pobremente projetados como as razões para os cientistas serem incapazes de se
comprometerem com a alegação da ligação entre a Cannabis e o risco de câncer. Por exemplo, um estudo de 2008
sugeriu que fumar marijuana poderia reduzir o risco associado ao câncer de
pulmão derivado do tabaco, demonstrando que consumidores tanto da marijuana
quanto tabaco têm um risco menor de câncer do que aqueles que fumam somente
tabaco (embora o risco seja maior do que para os não fumantes). Entretanto,
Pletcher não é otimista sobre os efeitos da maconha sobre os pulmões, e
desconfia que ainda possa haver danos ao pulmão por efeitos de longo prazo que
podem ser difíceis de detectar. “Nós realmente não podemos tranquilizar-nos
acera do uso intenso”, explicou o cientista.
Seu cérebro sob efeito de drogas
Existem algumas evidências
sugerindo que pessoas intoxicadas assumem mais rscos e apresentam
comprometimento na tomada de decisão, bem como resultados piores em tarefas
dependente da memória - e deficiências residuais (após consumo) têm sido detectadas
dias ou mesmo após semanas após o uso. Alguns estudos também relacionam o
consumo regular da marijuana com déficits de memória, aprendizado e
concentração. Um recente
estudo amplamente discutido sobre o Q.I. de neozelandenses acompanhou consumidores da Canabbis, desde o nascimento, e mostrou que os usuários consumidores a
partir da adolescência tiveram valores mais baixos de Q.I. que os não usuários.
Nesse estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Duke, “você pode
ver claramente que como consequência do uso da maconha, o Q.I. diminui”, disse
Dekir Hermann, um neurologista clínico do Instituto Central de Saúde Mental na
Alemanha, e que não esteve envolvido diretamente na pesquisa.
Entretanto,
não menos que 4 meses depois, uma re-análise e simulação
computacional realizada pelo Centro Ragnar Fisch de Pesquisa
Enocômica em Oslo contrariou os dados divulgados pela Universidade de Duke. Ole
Rosberg sustentou que fatores socioeconômicos - e não o uso da marijuana -,
contribuíram para os baixos Q.I. observados em usuários da maconha.
No entanto, a
conclusão de Rogerberg pode ser contrariada por uma literatura considerável que
suporta a ligação entre o uso da maconha e o declínio neurofisiológico. Estudos
em seres humanos e animais sugerem que indivíduos que adquirem o hábito de
consumir marijuana na adolescência enfrentam impactos negativos no funcionamento
do cérebro, e alguns usuários encontram dificuldades para se concentrar e
aprender novas tarefas.
Embora a
maioria dos estudos sobre esse assunto sugere haver consequências negativas do
consumo enquanto adolescente, os usuários consumidores a partir da idade adulta
geralmente não são afetados. Segundo explica Hermann, isso pode ser devido a
uma reorganização dirigida pels endocanabinóides presentes no cérebro durante a
puberdade. A ingestão de canabinóides que se adquire com o uso da maconha pode
causar um “um deturpamento do crescimento neural irreversível” disse ele.
Além das
consequências na inteligência, muitos estudos sugerem que fumar marijuana
aumenta o risco de esquizofrenia, e pode ter efeitos similares no encéfalo. O
grupo de Hermann usou a técnica de imageamento por ressonância magnética para
detectar danos associados
ao consumo da cannabis na região pré-frontal do encéfalo e encontraram modificações
similares àquelas vistas em pacientes com esquizofrenia. Outros estudos sugerem
ainda que os esquizofrênicos consumidores da erva têm maiores mudanças no
encéfalo associadas à doenças e um desempenho
pior em testes cognitivos do que aqueles não fumantes.
Porém muito dessa pesquisa não é
capaz de distinguir entre mudanças no encéfalo causadas pelo uso da marijuana e
sintomas associados com a doença. É possível que os esquizofrênicos consumidores
da maconha “possam apresentar sintomas desagradáveis (que precedem o quadro
clínico da doença) e estejam automedicando-se” ao fazerem uso do efeito
psicotrópico da droga, disse Roland
Lamarine, professor de saúde comunitária da California State University.
Ainda segundo ele, “nós não vimos uma elevação no número de esquizofrênicos,
mesmo com o aumento de usuários da maconha”.
Outras
pesquisas sugerem que o consumo da Cannabis entre os esquizofrênicos fez com
que eles obtivessem melhores pontuações em testes cognitivos do que os
esquizofrênicos não consumidores da droga. Esses relatos conflitantes podem ter
ocorrido em virtude de diferentes concentrações – e diferentes efeitos -, dos
canabinóides presentes na maconha. Além do tetrahidrocanabinol (THC), um
canabinóide neurotóxico responsável pelas propriedades de alteração de estados
mentais, a maconha também apresenta uma variedade de outros canabinóides não
psicoativos, incluindo o canabidiol (CBD), o qual pode proteger contra a lesão
neuronal. Hermann descobriu que o volume do hipocampo - a região do encéfalo
importante para o processamento de memória - é um pouco menor em usuários de
maconha do que em não usuários, porém o consumo da maconha com maior quantia de
CBD balanceava esse
efeito.
Um coquetel mortal?
Embora os
dados que suportem os efeitos nocivos da marijuana sejam fracos, alguns
pesquisadores estão mais preocupados com a droga em conjunto com outras substâncias,
como o tabaco, o álcool e a cocaína. Alguns estudos sugerem, por exemplo, que a maconha pode aumentar o
desejo por outras drogas, levando, dessa forma, a má fama de droga como
“porta e entrada”. Um estudo
publicado no início do mês de Janeiro apoiou essa hipótese ao mostrar que,
pelo menos em ratos, a exposição ao THC aumenta os efeitos viciantes do tabaco.
Além disso, a marijuana pode não ser
compatível com outras drogas de prescrição médica, pois pode induzir o
fígado a metabolizar medicamentos de forma mais lenta; portanto, aumentando o
risco de toxicidade.
Apesar dessas
preocupações, Lamarine sustenta - em virtude da quantidade de pesquisa focado
nesse assunto -, ser pouco provável as consequências do uso maconha serem
calamitosas. Arremata dizendo: “Nós não vamos acordar amanhã e nos depararmos
com a grande descoberta que a maconha causa grandes danos ao encéfalo. Se assim
fosse, já teríamos visto isso a essa altura”.
Autor: S
Tradução: Cicero Escobar
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