[Texto publicado no blog da Liga Humanista Secular do Brasil -Bule Voador]
Harrison Schmitt no solo lunar |
É
verdade que o projeto Apollo estava inserido em um contexto político de
corrida espacial, mas isso de maneira alguma diminui o mérito deste
acontecimento que foi uma das maiores aventuras já realizadas. A mistura
de curiosidade, política, ciência e tecnologia permitiu um dos maiores
feitos da nossa espécie. Apesar disso, ainda hoje há pessoas incrédulas
sobre a veracidade das viagens.
Rover utilizado na missão |
Uma
característica curiosa de uma parcela dos negacionistas é sua
ingenuidade. Não raro encontramos alguns que mal sabem da existência de
seis missões. Como se a quantidade de imagens que eles mesmos usam para
tentar negar as idas à lua fosses apenas da missão de Julho de 1969.
Nesse sentido, é interessante notar que poucos deles foquem a atenção
nas outras cinco viagens – a tentativa do negaciocismo algumas vezes é
tão ingênua e mal informada que parece ter pouco interesse em investigar
honestamente suas proposições. Não é objetivo do presente texto rebater
as mais comuns argumentações envolvendo a falsidade das viagens(1),
mas é curioso notar que a grande maioria dessas alegações são
justamente os fenômenos físicos que se esperaria em um local com pouca
gravidade constituído de chão lunar branco reflexivo (regolito),
com relevo irregular e apenas uma fonte de luz (bandeira “tremendo”, as
sombras, pegadas e a ausência de estrelas nas fotos são exemplos
disso). Esse é o típico caso de uma boa aplicação do ditado popular
“peixe morre pela boca”. Parece ser típico de movimentos
conspiracionistas/negacionistas criarem um baluarte onde nenhuma
argumentação racional tem vez.
Para entender o movimento que defende a fraude é necessário recordar pelo menos dois momentos chaves. Em 1974, o escritor William Kaysing lançava o livro intitulado “Nós nunca fomos à lua”. O livro é uma pequena obra na qual consolidou os principais argumentos que são utilizados até hoje pelos negacionistas.
A agenda conspiracionista ganhou novo impulso em 2001 com o documentário
produzido pela Fox chamado “Teoria da conspiração: Nós pousamos na
lua?”. Sem perder o ensejo, o pessoal da Fox decidiu que o programa seria
narrado pelo ator Mitch Pileggi (famoso na época pela série Arquivo-X).
Mas isso é irrelevante, pois o que realmente foi curioso é que a grande
voz do documentário foi ninguém menos que William Kaysing. Depois de
quase 30 anos o escritor continuava com sua rentável tese de que todo o
programa de viagem à lua foi uma fraude em conjunto com a Área 51 (não
poderia ser diferente!). Mais absurdo ainda, dizia que a NASA não tinha
capacidade técnica de ir até a Lua, e que a pressão durante o período da
guerra fria forçou os americanos a forjar toda a história da viagem. Várias mentiras e deturpações
foram ditas no documentário (2), como no caso de tentativas patéticas
de gerar um sentimento de aceitação do negacionismo ao dizerem que na
época 20% dos americanos não acreditavam na ida à lua em 1969.
Apesar
disso tudo, é verdade que não pisamos mais na lua há 41 anos. Ainda
assim, sondas de pouso (não tripuladas) continuaram a ser enviadas ao
solo lunar até meados da década de 70. Aliás, a negação das viagens à
lua geralmente acontecem acompanhadas de desconhecimento histórico de
programas espaciais paralelos. Por exemplo, apenas 7 anos após a
primeira ida à lua a sonda Viking aterrissava em Marte. E se tudo correr
bem haverá um novo pouso de uma sonda na lua ainda esse mês, dessa vez comandada
pelos chineses.
Para aqueles dispostos a ver ou rever um pouco sobre o que acontecia há 41 anos atrás fica a dica do vídeo.
____________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário