Muitos ainda desconhecem a informação que a cidade de Wuhan abriga um biolabotarório de nível 4 desde 2014 (Wuhan Institute of Virology). Nesses prédios são permitidos o trabalho de patógenos como ebola e varíola. A possível relação desse laboratório com a recente pandemia pode ser especulada a partir de algumas informações factuais:
1. Trabalhos científicos envolvendo patógenos têm sido conduzido nesse laboratório, notavelmente envolvendo vírus de origem em morcegos do tipo coronavírus. Particularmente interessante é o artigo intitulado "Difference in Receptor Usage between Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) Coronavirus and SARS-Like Coronavirus of Bat Origin" (a). Nesse trabalho, os autores modificaram o genoma do vírus selvagem transformando-o em quimeras. Em síntese, foram criados novos vírus com trechos artificiais de genoma. Como consequência, eles ganharam capacidade de sintetizar receptores que se ligam mais facilmente a uma proteína camada ACE2. É digno de nota ressaltar que, segundo os próprios autores, os vírus originais (não-modificados) não tinham essa habilidade. Recentemente, tem sido evidenciado que esta proteína é uma das portas de entrada que mais facilita a entrada do SARS-CoV-2, e é encontrada sobretudo em células do sistema respiratório humano (b). Embora o mercado de frutos do mar em Wuhan tenha sido amplamente considerado a fonte do surto, tem sido bastante documentado a infecção de pessoas que nunca estiveram nem perto do mercado (c).
2. Desaparecimento de Huang Yanling, uma pesquisadora da Wuhan Institute of Virology. Desde o início do ano essa pessoa está sumida, após alguns boatos teres apontado como ela sendo a "paciente zero", possivelmente tendo tido contato com algum vazamento do vírus. Curiosamente, o perfil on-line da pesquisadora foi apagada do Wuhan Institute of Virology, muito embora seu perfil no Research Gate ainda associe sua afiliação ao laboratório (d, e).
3. Ainda sobre desaparecimentos misteriosos, a médica Ai Fen, que postou informações no WeChat (o equivalente WhatsApp da China) quando vírus estava emergindo ano passado, continua desaparecida (f). Foi a partir dessa médica que outro médico, o Li Wenliang, se tornou porta-voz do possível perigo do novo coronavírus (g). Ao fazer isso, ainda em Dezembro, a polícia chinesa o obrigou a assinar uma declaração de que seu aviso constituía "comportamento ilegal". Li Wenliang e outros sete médicos de Wuhan foram obrigados a assinar um documento admitindo "espalhar mentiras". Isolado no trato de seus pacientes, sem amparo oficial, Li acabou contraindo coronavírus e falecendo (h). Seguindo o impulso repressivo, em fevereiro, dois jornalistas chineses, Fang Bin e Chen Qiushi, desapareceram depois de trabalharem na cobertura do coronavírus em Wuhan e denunciarem as supressões de informações do governo (i). Mais censura: Ainda em Dezembro, uma amostra do SARS-CoV-2 retirada de um paciente foi enviada a um laboratório para o sequenciamento do genoma. Os resultados estavam prontos dias depois, mas as autoridades de Hubei ordenaram que as amostras fossem destruídas (j).
4. Um pouco mais de censura, agora censura acadêmica. O governo da China tem implementado um rígido controle sobre as descobertas envolvendo as pesquisas sobre COVID-19. Há exigências que os cientistas obtenham aprovação para publicar - ou divulgar - resultados que investigam a origem da pandemia. Qualquer artigo científico deve ser aprovada pelo comitê acadêmico da universidade e pelo Ministério de Ciência e Tecnologia antes de ser submetida para publicação (l).
5. Recusa de Investigação Independente. A China tem se opondo peremptoriamente a qualquer investigação internacional sobre a pandemia de coronavírus que presuma sua culpa (m). Além disso, está sabendo copiar com excelência o jogo identitário do progressismo ocidental, acusando qualquer crítica ao governo chinês como xenofobia contra chineses (sendo que uma coisa não necessariamente se segue da outra), quando ela mesma pratica xenofobia contra negros (n) e islâmicos, inclusive mantendo campos de concentração de islâmicos da etnia uigur (o).
De todas as informações acima, talvez a mais frágil, e que precisa de futuras investigações, é a (2), pois emergiu de boatos em redes sociais. Ainda assim, tomando em conjunto com o autoritarismo e censura do governo comunista chinês, é perfeitamente razoável a hipótese de que o vírus possa ter vazado de um laboratório que pesquisava e armazenava cepas de coronavírus. Isso é muito diferente de dizer que o vírus foi voluntariamente modificado pelo governo para propósitos de contaminação direcionada.
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