Boa parte da falência intelectual que avança sobre algumas áreas das
humanas se deve ao movimento chamado pós-modernismo. Isso não significa
que todas as áreas das humanas estão sob efeito dessa podridão, pois
isso é falso. A própria distinção entre "humanas" e "exatas" soa um
tanto artificial se há por trás um projeto comum de busca pela verdade.
Ocorre que é justamente esse projeto o que é atacado pelos pós-modernos.
E de quebra, são as áreas tradicionalmente das humanas as mais
vulneráveis. A filósofa Susan Haack chama o movimento de o "Novo
Cinismo" (em uma atualização em relação ao velho cinismo, quando a
humanidade vivia numa época de escuridão intelectual e perseguição ao
livre pensamento).
Os novos cínicos defendem que tudo gira em torno dos interesses políticos e que em última análise o que conta é a força política (ou a força bruta) e não a discussão racional e a troca de argumentos. A partir disso tudo paralisa, de tal modo que a ciência, a sociedade e a política são determinadas por forças cegas e movimentos irracionais.
Alguns departamentos de humanas não só falharam em resistir ao pós-modernismo (já que sua linguagem é sedutora ao abraçar uma agenda que fala em defesa dos oprimidos e contra o capitalismo), mas parecem que o ampliaram.
Os novos cínicos defendem que tudo gira em torno dos interesses políticos e que em última análise o que conta é a força política (ou a força bruta) e não a discussão racional e a troca de argumentos. A partir disso tudo paralisa, de tal modo que a ciência, a sociedade e a política são determinadas por forças cegas e movimentos irracionais.
Alguns departamentos de humanas não só falharam em resistir ao pós-modernismo (já que sua linguagem é sedutora ao abraçar uma agenda que fala em defesa dos oprimidos e contra o capitalismo), mas parecem que o ampliaram.
E sobre o estado atual das coisas, eis
um resumo de uma opinião pessoal. Há anos eu vinha acompanhando a paixão
de alguns acadêmicos de humanas pelo pós-modernismo. Hoje, muitos deles
ficam horrorizados de como pode ser possível pessoas darem tanta
atenção a um astrólogo que se diz filósofo, outros tanto defendem coisas
como a Terra plana e, pior ainda, o movimento antivacina parece estar
se alastrando. A minha provocação é a seguinte: Se aquilo que você é tão
apaixonado tem por trás a espinha dorsal a crença de que a verdade
objetiva é um mito à serviço dos opressores, então o que você está
fazendo é justamente dando munição para que aqueles que não gostam de
suas atividades possam usar de armas semelhantes para atacá-lo: Ataca-se
a educação, cortam-se suas verbas!
Eu me oponho ferrenhamente às motivações pós-modernas, pois são falsas e destrutivas. E também me oponho ao ataque à educação que o atual governo tem realizado, pois é infantil e hostil. Mas o estado atual das coisas é este. É lamentável em vários lados.
Eu me oponho ferrenhamente às motivações pós-modernas, pois são falsas e destrutivas. E também me oponho ao ataque à educação que o atual governo tem realizado, pois é infantil e hostil. Mas o estado atual das coisas é este. É lamentável em vários lados.
(Segue abaixo alguns trechos do livro do filósofo
canadense Stephen R. C. Hicks. O primeiro capítulo é excelente para
começar a entender o estrago intelectual do pós-modernismo).
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Hoje em dia, é corrente a ideia de que ingressamos em uma nova era intelectual. Somos pós-modernos agora. Os intelectuais mais proeminentes afirmam que o Modernismo morreu e que estamos à beira de uma época revolucionária — livre dos cerceamentos opressivos do passado, mas, ao mesmo tempo, inquieta, em razão de suas expectativas para o futuro.
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Hoje em dia, é corrente a ideia de que ingressamos em uma nova era intelectual. Somos pós-modernos agora. Os intelectuais mais proeminentes afirmam que o Modernismo morreu e que estamos à beira de uma época revolucionária — livre dos cerceamentos opressivos do passado, mas, ao mesmo tempo, inquieta, em razão de suas expectativas para o futuro.
Michel Foucault identificou os alvos principais: “Todas as minhas
análises se opõem à ideia de que existem necessidades necessidades
universais na existência humana”. Essas necessidades devem ser abolidas,
pois são fardos do passado: “Não faz sentido falar em nome da Razão, da
Verdade ou do Conhecimento — e nem mesmo contra eles”.
Se não há
mundo nem ser que, em si mesmo, possamos compreender e corrigir, então
qual é o propósito do pensamento ou da ação? Tendo desconstruído a
razão, a verdade e a ideia de que existe uma correspondência entre
pensamento e realidade, e então, finalmente, as descartado (“a razão”,
escreve Foucault, “é a derradeira linguagem da loucura”), nada resta
para nortear ou cercear nossos pensamentos e sentimentos. Assim sendo,
podemos fazer ou dizer o que bem entendermos. A desconstrução, diz
Stanley Fish em alegre confissão, “me libera da obrigação de ser
correto… e exige apenas que eu seja interessante”.
Muitos
pós-modernistas, porém, demonstram mais pendor para o ativismo político
que para o jogo estético. Muitos desconstroem a razão, a verdade e a
realidade por acreditarem que, em nome da razão, da verdade e da
realidade, a civilização ocidental espalhou a dominação, a opressão e a
destruição. “A razão e o poder são uma coisa só”, declara Jean-François
Lyotard. Ambos levam a “prisões, proibições, processo de seleção, bem
público”, dos quais são sinônimos.
O conflito entre homens e
mulheres é brutal. Escreve Andrea Dworkin: “A transa normal por um homem
normal é considerada um ato de invasão e de posse, realizado como uma
forma de predação”.
O Pós-modernismo repudia todos os fundamentos
do Iluminismo. Afirma que as premissas modernistas do Iluminismo eram,
desde o início, insustentáveis e que hoje suas manifestações culturais
perderam completamente a força. Embora o mundo moderno continue a falar
em razão, liberdade e progresso, suas patologias indicam uma outra
coisa. A crítica dos pós-modernistas a essas patologias se apresenta
como o réquiem do Modernismo: “Os estratos mais profundos da cultura
ocidental” foram expostos, argumenta Foucault, e “mais uma vez se movem
sob nossos pés. Os pós-modernistas repelem a razão e o individualismo
sobre os quais se apoia todo o universo iluminista. E finalizam atacando
todas as consequências da filosofia iluminista, desde o capitalismo e
as formas liberais de governo até a ciência e a tecnologia. Os
fundamentos do Pós-modernismo são antagônicos aos do Modernismo. Em vez
da realidade natural, o antirrealismo. Em vez de apreciarem as
realizações da ciência e da tecnologia, nutrem acerca delas uma suspeita
que tende à franca hostilidade.
A crítica literária pós-moderna
rejeita a noção de que os textos literários têm interpretações e
significados verdadeiros. Qualquer pretensão de objetividade e verdade
pode ser desconstruída.
Na Educação, o Pós-modernismo rejeita a noção de que o propósito da educação é, antes de tudo, treinar a capacidade cognitiva da criança para o raciocínio, a fim de produzir um
adulto capaz de funcionar com independência no mundo. Seus representantes mais vociferantes contam-nos que “Verdade” é um mito. “Razão” é um construto eurocêntrico, de homens brancos. “Igualdade” é um artifício para mascarar a opressão.
Na Educação, o Pós-modernismo rejeita a noção de que o propósito da educação é, antes de tudo, treinar a capacidade cognitiva da criança para o raciocínio, a fim de produzir um
adulto capaz de funcionar com independência no mundo. Seus representantes mais vociferantes contam-nos que “Verdade” é um mito. “Razão” é um construto eurocêntrico, de homens brancos. “Igualdade” é um artifício para mascarar a opressão.
Os debates pós-modernos
exibem, assim, uma natureza paradoxal. Todos professam, por um lado, os
temas abstratos do relativismo e do igualitarismo. Esses temas assumem
formas éticas e epistemológicas. A objetividade é um mito; não existe
Verdade, nenhuma Maneira Certa de interpretar a natureza ou um texto.
Todas as interpretações são igualmente válidas. Os valores são produtos
socialmente subjetivos. Culturalmente falando, portanto, não há valores,
em nenhum grupo, que mereçam crédito especial.
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