domingo, 13 de outubro de 2013

A tênue linha entre a Ficção Científica e o Fato Científico



Autor convidado: Alexandre Graeff
Durante uma conferência de imprensa da NASA no dia 12/09/2013 foi anunciado que a sonda Voyager 1, lançada em 1977, ganhou a distinção de se tornar o primeiro objeto feito pelo homem a sair do Sistema Solar. Este feito ocorreu na verdade em agosto de 2012, mas só recentemente foi confirmado por novos dados recebidos. A sonda Voyager 1 está agora cerca de 17 bilhões de quilômetros da Terra. Para se ter um ideia, Plutão está a 5,7 bilhões de quilômetros de distância. A distância é tão grande que, embora as suas ondas de rádio viajem à velocidade da luz, leva 17 horas para cada pacote de transmissão da Voyager chegar à Terra.
O destino da Voyager 1 parece ter sido profetizado em Jornada nas Estrelas: O Filme. No filme, a sonda (a fictícia Voyager 6) foi modificada por uma civilização avançada e tornou-se uma entidade inteligente chamada V´Ger (na verdade o nome Voyager foi parcialmente coberto e a civilização passou a chamá-la de V’Ger), que retorna a Terra para procurar seu criador.
Durante a conferência de imprensa em Washington, Dr. John Grunsfeld da NASA subiu ao pódio acompanhado pela música tema da série original de Jornada. Ele então começou a colocar a Voyager 1 no seu discurso de abertura, dizendo: “Espaço, A Fronteira Final. Estas são as viagens da nave estelar Voyager. Na sua missão de 36 anos: explorar novos mundos, procurar raios cósmicos anômalos, novos plasmas, audaciosamente indo onde nenhuma sonda jamais esteve. Essas palavras de Jornada, é claro, tem inspirado tantos de nós e eu acho que são característicos da emoção e das descobertas que vamos falar hoje. A Voyager, como os antigos marinheiros, está entrando em um novo território. Algum dia os seres humanos vão deixar o nosso casulo no Sistema Solar para explorar além do nosso sistema. A Voyager irá abrir o caminho”.
Essa é mais uma das vezes em que Jornada nas Estrelas inspira a exploração espacial nos Estados Unidos. Talvez seja até um dos fatores responsáveis pelos Estados Unidos terem a principal posição de destaque na exploração espacial. O primeiro ônibus-espacial OV-101 foi batizado de Enterprise em homenagem à série por sua contribuição à exploração espacial, em uma cerimônia que contou com a presença do elenco da Série Clássica.

Elenco da Série Clássica durante lançamento do OV-101


Embora o OV-101 tenha ficado limitado a testes de aproximação e descida (a conversão para vôo espacial deveria ser executada após os testes dentro da atmosfera, mas os altos custos envolvidos foram um impedimento), ele foi um dos precursores da era moderna do vôo espacial (embora o ônibus espacial tenha sido um erro desde o ínicio).

As naves da Virgin Galactic também não ficaram para trás. As naves classe SpaceShipTwo foram batizada VSS Enterprise (Matrícula: N339SS) e VSS Voyager (Sem matricula atribuída ainda). 


VSS Enterprise

Para aqueles não tão familiarizados com a série, uma das séries de Jornada nas Estrelas se chama “Star Trek: Voyager”. A VSS Voyager foi batizada em homenagem a ela.
 

USS Voyager – Registro NCC-74656

Todas essas homenagens têm um grande motivo: a ciência poderia ser muito menos interessante sem a ficção científica. Aquilo que a ficção científica propõe tem grandes chances de se tornar realidade, mesmo que demore séculos. Isso ocorre porque a ficção científica, como discutido em texto postado anteriormente, se utiliza da ciência conhecida para criar histórias, mas adiciona um tempero a mais que cria a pergunta: “E se?”.

Muitas pessoas que ficavam maravilhadas ao ver a Enterprise estudar uma “estrela negra” (o termo “buraco negro” ainda não havia sido criado quando a série citou o conceito pela primeira vez em 1967), se tornaram os grandes cientistas que dão vida à exploração espacial do século XXI. Como diria Stephen Hawking “A ficção científica de hoje freqüentemente é o fato científico de amanhã.”.


 

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