A aderência a algum tipo de feminismo está em alta. Vai desde a alguma adesão honesta e curiosa em páginas de redes sociais, passando por camisetas da Renner, tatuagens "Girl Power" e associações em coletivos. Apesar disso, o mundo atual nunca precisou tão pouco do feminismo. Disso não se segue que algumas pautas continuam sendo relevantes, como a descriminalização do aborto e uma maior atenção a profissão da prostituição (diga-se de passagem, esta última sequer é um consenso entre as pessoas feministas).
O fato é que grande parte dos problemas dos direitos relativo às mulheres já foram sanados nas sociedades ocidentais. Do ponto de vista legal, dois são dignos de nota: O direito ao voto e a liberdade ao trabalho fora de casa. Do mesmo modo, no âmbito da consciência coletiva também houve avanços reais: Demorou, é verdade, mas em tempos atuais é um compartilhamento coletivo a crença que pessoas que pensam coisas como "lugar de mulher é na cozinha" está fadado a cair no deboche, com razão, do estereótipo do sujeito que mais parece um fóssil vivo.
Por outro lado, boa parcela do feminismo atual parece estar comprometido com um desserviço à sua memória histórica. Posturas que beiram à infantilidade como "lugar de fala" e "todo homem é um estuprador em potencial" parecem cada vez mais estar ganhando espaço nos coletivos. Dificilmente alguma ganha do lesbianismo político, isto é, a crença que o homem é um mal no mundo e portanto as mulheres têm o dever de se relacionar sexualmente apenas com mulheres. Verdade seja dita, felizmente este último parece ser menos comum.
Nem mesmo alguns temas aparentemente mais dignos das pautas feministas têm sido facilmente digeridos. Sobre a questão das diferenças salariais, por exemplo, há um corpo de evidências mostrando que quando se consideram certas variáveis, como a ocupação, a posição, a formação profissional, as horas trabalhadas por semana etc., a diferença salarial entre eles desaparece. Querem saber mais sobre isso? Leiam Thomas Sowell e Warren Farrell ou a autodeclarada feminista Christina Hoff Sommers. Notem, entretanto, que raramente se discute estes autores em coletivos feministas. A ideologia cega parece estar à frente da busca desapaixonada pela verdade.
Outra atitude viciada é o constante policiamento com linchamento aos pensamentos divergentes. Eu acredito que o sexismo é um mal que vale a pena combater, mas ao mesmo tempo posso e oponho-me fortemente à caça às bruxas, à supressão da fala e ao despedimento de pessoas por expressarem ideias de que não gostamos.
No estado atual das coisas, a adesão ao feminismo, ao menos a parcela ao qual eu tenho maior contato, parece-me mais um amaciante de ego e declaração de virtude do que comprometimento honesto com causas reais.
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